Influenza A aviária (H5N1): a gripe do frango

Entenda mais sobre a Infecção pelo vírus da influenza aviária A e como ela pode ser uma ameaça para saúde

 

A primeira epidemia de gripe aviária, conhecida popularmente como gripe do frango, que acometeu seres humanos foi registrada em Hong Kong em 1997. Na época, 18 pessoas foram hospitalizadas, com 6 óbitos.

No entanto, a partir de 2003, as infecções em humanos começaram a ocorrer com maior frequência em vários países, sendo responsável por uma elevada taxa de mortalidade. Até 10 de setembro de 2008, a Organização Mundial de Saúde (OMS) registrou 387 casos confirmados em humanos, com 245 óbitos. Diferentemente da influenza humana sazonal que acometem, principalmente, idosos e lactentes, a influenza aviária atacam crianças e adultos jovens. A média de idade dos casos registrados até o momento foi de 18 anos, com 90% dos pacientes com até 40 anos de idade. A letalidade é 63,0%, mas pessoas entre 10 e 18 anos apresentam taxas mais elevadas e os maiores de 50 anos, taxas mais baixas.

Entre 2003 e 2007, mais de 20 países da Ásia, África e Europa registraram casos de gripe aviária em animais e aproximadamente 1,5 milhões de aves foram sacrificadas para a prevenção da disseminação do vírus.

Em janeiro de 2004, como já havia acontecido em 1997 e 2003, casos de infecção humana de alta letalidade por esse vírus foram detectados em várias regiões da Ásia, levando as autoridades em saúde pública a ficarem em alerta sobre a possibilidade de uma nova pandemia de influenza. O Sudeste da China é considerado um epicentro do vírus Influenza pela concentração de porcos, aves, e patos convivendo na região, propiciando uma recombinação genética entre vírus aviário e humano.

A sequência de genes do vírus influenza H1N1, responsável por esta epidemia, sugere que ele tenha se originado de um reservatório aviário.

O século XX testemunhou três pandemias de influenza: a espanhola (subtipo viral H1N1), em 1918, a asiática (H2N2), em 1957, e a de Hong Kong (H3N2), em 1968. Essas epidemias causaram doença grave com altas taxas de mortalidade, em particular a espanhola que, em 1918, que dizimou pelo menos 20 milhões de pessoas em todo o mundo.

Nova cepa de Influenza tem se espalhado e gerado preocupação

Atualmente uma nova cepa altamente contagiosa da gripe aviária, denominada H5N1 está se espalhando pelos EUA e Ásia.

Embora o CDC diga que não houve casos humanos relatados de H5N1, a possibilidade de infecção pulmonar seria possível se a quantidade do vírus fosse elevada.

Até agora quase sete milhões de galinhas e perus foram mortos novamente para conter a propagação do vírus, o que também resulta em importantes prejuízos econômicos e repercussões de saúde pública.

Uma das mais importantes características dos vários achados sobre o vírus influenza é a mudança frequente em sua estrutura (um processo conhecido como drift), que resulta no aparecimento de diferentes cepas circulantes a cada ano, razão pela qual a vacina contra a influenza muda anualmente. Em determinados anos, a estrutura desses vírus muda drasticamente (o que é conhecido como shift), o que resulta no surgimento de um vírus contra o qual poucas pessoas são imunes. Esse novo vírus é transmitido facilmente de pessoa a pessoa, podendo atravessar fronteiras geográficas rapidamente, caracterizando uma pandemia como ocorrido com a COVID.

O monitoramento da influenza é uma atividade em escala mundial, a Organização Mundial de Saúde desenvolveu, em 2003, uma Agenda Global de Vigilância e Controle da Influenza, que define atividades prioritárias para redução da morbimortalidade secundária às epidemias anuais do vírus Influenza. Essa agenda provê a base para planos nacionais e globais de intervenção, facilitando a integração dos países nas atividades de prevenção e controle destas epidemias.

As recentes epidemias causadas pelo vírus influenza A na Ásia, em especial as causadas pelo subtipo H5N1, demonstraram a capacidade desse agente em causar doença grave em humanos, sem qualquer recombinação entre vírus humanos e aviários e sem qualquer hospedeiro mamífero intermediário, como o porco. Isto nos alerta para o fato de que qualquer subtipo de influenza A pode cruzar a barreira entre espécies e ser uma cepa pandêmica latente. O próprio ser humano pode funcionar como um hospedeiro intermediário, no qual vírus aviários recombinam-se com vírus humanos. Isto pode resultar em um vírus com nova glicoproteína de superfície e uma constelação de genes que possibilitem a transmissão rápida do vírus a populações susceptíveis.

Não há como descartar a possibilidade de infecção leve ou assintomática em pessoas expostas tanto a aves quanto a humanos infectados, ou como avaliar a importância dessa condição de “portador” para o risco de transmissibilidade e surgimento de novas pandemias. Embora a taxa de disseminação seja alarmante, os casos de infecção entre espécies são extraordinariamente incomuns.

Dentro desse contexto, esforços para controlar surtos em aves domésticas e o contato entre seres humanos e tais aves devem ser a prioridade no manejo da doença em nível de saúde pública. As medidas a serem tomadas e os conhecimentos acerca da doença devem ser divulgados, pois, apesar de, felizmente, não terem ocorrido casos no Brasil, essas medidas poderão evitar um cenário grave, que seria conviver, no futuro, num país que destina parcos recursos para o setor saúde, com uma doença da gravidade da influenza A aviária em humanos.

Fontes:

https://www.jornaldepneumologia.com.br/details/903/pt-BR/gripe-aviaria–a-ameaca-do-seculo-xxi

https://www.insideedition.com/highly-contagious-h5n1-avian-influenza-detected-in-15-us-states-73905

https://www.scielo.br/j/jbpneu/a/h4JsXP9G3RKYnJDCTMznnvG/?lang=pt