Coronavírus e vacinas

O vírus SARS-COV-2 é um coronavírus zoonótico que surgiu no final de 2019 e foi identificado em pacientes com pneumonia desconhecida. O vírus foi denominado SARS-COV-2 devido a semelhança ao coronavírus responsável pela síndrome respiratória aguda grave. É um vírus de RNA de fita simples composto por 70% da sequência de SARS-COV e 50% do coronavírus responsável pela síndrome respiratória do oriente médio.

Uma doença respiratória infecciosa com manifestações respiratórias e sistêmicas. Os sintomas variam desde assintomáticos, leve ou grave, incluindo pneumonia respiratória aguda (SDRA), levando a falência de múltiplos órgãos e morte.

A pandemia continua sendo um desafio para a saúde global. Houve um declínio dos casos no primeiro semestre de 2021, porém com as novas variantes o número de casos vem aumentando e a corrida contra o vírus continua.

As vacinas vieram como forma de tentar amenizar a alastramento do vírus. Existem várias vacinas em fase de pesquisa e assim como qualquer medicamento também possui possíveis efeitos colaterais e algumas contraindicações.

 

Pfizer

O imunizante da farmacêutica Pfizer em parceria com o laboratório BioNTech, empresa alemã (Pfizer-BioNTech), se baseia na tecnologia de RNA mensageiro, ou mRNA. O RNA mensageiro sintético dá as instruções ao organismo para a produção de proteínas encontradas na superfície do novo coronavírus, que estimulam a resposta do sistema imune humano. A vacina possui um contingente satisfatório de “mensagens”, para que o sistema imunológico seja capaz de produzir as proteínas “Spikes”, a qual é a responsável por produzir a coroa do coronavírus. No momento dessa estimulação da proteína, o organismo irá criar anticorpos, que resultará na destruição do coronavírus. 

Os imunizantes da Pfizer são feitos a partir da replicação de sequências de RNA, por meio da engenharia genética, o que torna o processo mais rápido e menor custoso, quando comparada às outras vacinas.

A vacina possui 95% de eficácia após segunda dose. A indicação é 12 semanas para segunda dose. São necessárias duas doses para esse percentual de imunização.

Pode ser armazenada por até cinco dias em temperaturas de 2 a 8°C; entre -25 e -15ºC por até duas semanas e entre -90 e -60ºC após este período. 

Reações leves a moderadas se resolvendo em poucos dias após a vacinação.

 

Contraindicação: não deve ser administrada em indivíduos com hipersensibilidade ao princípio ativo ou a qualquer um dos excipientes da vacina.

Excipientes: sacarose, colesterol, cloreto de sódio, cloreto de potássio

Efeitos colaterais cansaço, cefaleia, dor muscular, dor no local da injeção e dor articular. Efeito raro miocardite.

Reações leves a moderadas se resolvendo em poucos dias após a vacinação.

 

Janssen

A vacina Janssen, a qual foi criada pela empresa norte-americana Johnson & Johnson, com o objetivo de imunização de apenas uma dose. É uma vacina monovalente composta por um vetor adenovírus humano tipo 26 recombinante, também conhecida como Ad26.COV2.S, incompetente para replicação que codifica a proteína “SPIKE” em uma conformação estabilizada, estimulando a produção de anticorpos neutralizantes. A tecnologia biomolecular utilizada é baseada no vetor viral, adenovírus humano não replicante, o vírus modificado entra no organismo e não consegue realizar multiplicação. Dessa maneira, o vírus geneticamente modificado carrega um gene para produzir a proteína “SPIKE”, estimulando o sistema imunológico a produzir novos anticorpos. Janssen também se utiliza da tecnologia de vetor viral, como a AstraZeneca baseado em um tipo específico de adenovírus que foi geneticamente modificado para não se replicar em humanos. 

Temperatura de armazenamento de 2 a 8ºC.

A vacina possui 66,9% de eficácia para casos leves e moderados, e 76,7% contra casos graves 14 dias após a aplicação.

Contraindicação: Não deve ser administrada em indivíduos com hipersensibilidade ao princípio ativo ou a qualquer um dos excipientes da vacina.

Excipientes: etanol, cloreto de sódio, polissorbato-80, ácido cítrico monohidratado.

Efeitos colaterais comuns cansaços, febre, cefaleia, dor muscular e dor no local da injeção, anafilaxia, rara síndrome do extravasamento capilar. 

Reações leves a moderadas se resolvendo em poucos dias após a vacinação.

 

Moderna

A Moderna contém mRNA encapsulado em nanopartículas lipídicas. O mRNA codifica a sequência integral da proteína S (Spike) do SARS-CoV-2, estabilizando a proteína Spike, a nanopartícula lipídica é absorvida, entregando de forma eficaz a sequência de mRNA às células para tradução da proteína viral. A proteína S do SARS-CoV-2, expressa e ligada à membrana, reconhecida por células imunitárias como um antígeno estranho. Isto desencadeia as respostas de células T e células B para criar anticorpos neutralizantes, que podem contribuir para a proteção contra a COVID-19.

A vacina usa a tecnologia de RNA mensageiro, esse RNAm desencadeia uma reação nas células do sistema imunológico, que cria uma defesa robusta no organismo.

A vacina possui 94,1% de eficácia

Mas a vacina ainda não está disponível no Brasil.

Temperatura de armazenamento -20 graus Celsius

Contraindicação: não deve ser administrada em indivíduos com hipersensibilidade ao princípio ativo ou a qualquer um dos excipientes da vacina.

Excipientes: Lípido SM-102 Colesterol 1,2-distearoil-sn-glicero-3-fosfocolina (DSPC) 1,2-dimiristoil-rac-glicero-3 metoxipolietilenoglicol-2000 (PEG2000 DMG) Trometamol Cloridrato de trometamol Ácido acético Acetato de sódio tri-hidratado Sacarose Água para preparações injetáveis

Efeitos colaterais cefaleia, dor local, inchaço, artralgia, arrepios, vômitos, náuseas, edema local da injeção e facial, linfadenopatia, fadiga, mialgia, artralgia, erupção cutânea, sensibilidade axilar, febre, náuseas e vômitos, indisposição, prurido, urticária, sensação de coceira na garganta, vermelhidão, alterações respiratórias e em casos raros anafilaxia.

Reações leves a moderadas se resolvendo em poucos dias após a vacinação.

 

AstraZeneca 

A vacina AstraZeneca, foi criada pela Universidade de Oxford no Reino Unido, a qual teve transferência da tecnologia à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e utiliza o adenovírus (ChAdOx1), um vírus “vivo”, mas que não consegue realizar a replicação. Esse adenovírus contém métodos de engenharia genética com o intuito de produzir a proteína do coronavírus, chamada de “Spike”, criando anticorpos contra o vírus. 

Temperatura de armazenamento de 2 a 8 graus Celsius.

A vacina possui 70% de eficácia e é fundamental receber as 2 doses imunização.

 

Contraindicação: não deve ser administrada em indivíduos com hipersensibilidade ao princípio ativo ou a qualquer um dos excipientes da vacina e pessoas com trombofilia.

Excipientes: L-Histidina, cloridrato de L-histidina monoidratado, cloreto de magnésio hexaidratado, polissorbato 80, etanol, sacarose, cloreto de sódio, edetato dissódico di-hidratado (EDTA) e água para injetáveis.

Efeito colateral febre, calafrios, dor no corpo, dor de cabeça e dor no local da injeção, efeito colateral raro, síndrome do extravasamento capilar e trombofilia.

Reações leves a moderadas se resolvendo em poucos dias após a vacinação.

 

CoronaVac 

A Sinovac Biotech, de origem chinesa, é uma biofarmacêutica que conseguiu produzir a CoronaVac, a qual foi aplicada no Brasil. Essa vacina contém o vírus inerte, cultivado e multiplicado, por meio de uma cultura celular, e, posteriormente inativado por meio do calor. Após ser aplicada, as células iniciam a resposta imune contra o vírus inativo, assim os linfócitos produzem anticorpos para bloquear a infecção. 

Temperatura de armazenamento 2 a 8 graus Celsius

A vacina possui eficácia de 50,38% sendo imprescindível a segunda dose ou até a terceira dose.

Contraindicação: não deve ser administrada em indivíduos com hipersensibilidade ao princípio ativo ou a qualquer um dos excipientes da vacina.

Excipientes: hidróxido de alumínio, hidrogenofosfato dissódico, di-hidrogenofosfato de sódio, cloreto de sódio, água para injetáveis e hidróxido de sódio para ajuste de pH.

Efeitos colaterais: dor de cabeça, febre baixa, dor local.

As vacinas estão sendo liberadas para terceira dose devido as mutações do vírus e um provável declínio da imunidade após um determinado período.

Algumas outras vacinas estão em desenvolvimento no Brasil, como as vacinas que estão em fase de testes nas Universidades USP, UFRJ e a Universidade Estadual do Ceará. Na UECE, está em fase de teste uma vacina intranasal, chamada de 2H120 Defense, a qual utiliza um tipo de coronavírus atenuado, com o intuito de induzir uma resposta imunológica. Na USP, a vacina Versamune está em fase de testes e tem como proposta duas doses, sendo utilizado a combinação de proteína recombinante S1 com a partícula nanolipídica Versamune, com objetivo de ativar resposta imune. Na UFRJ, Universidade Federal do Rio de Janeiro, está sendo elaborado um imunizante, que utiliza como ingrediente farmacêutico ativo uma proteína idêntica a “Spike”, com o propósito de induzir a resposta imune. 

Reações leves a moderadas se resolvendo em poucos dias após a vacinação.