Varíola – Vacinas e medicamentos recomendados
Conheça os tipos de vacina e tratamentos indicados para a varíola.
O vírus da varíola dos macacos pertence ao gênero de vírus Orthopoxvirus. A varíola é uma doença geralmente leve com rápida recuperação e muitas vezes sem necessidade de maior tratamento.
Embora o mundo tenha sido declarado livre da varíola em 1980, muitos países mantêm estoques de vacinas para emergências.
Algumas podem ser usadas para controlar um surto com 85% de efetividade, caso aplicado antes da exposição ao vírus. Por conta disso, diversos países possuem a vacina como precaução em caso de exposição ao vírus em laboratórios de experimentos e também por conta de ataques terroristas, caso usem o vírus como arma biológica.
Existem dois tipos de vacina contra a varíola, ambos são baseados no vírus vaccínia que é um tipo mais antigo de vacina contra a doença que contém o vírus vaccinia “vivo” como: ACAM2000, aprovado nos EUA, e o Aventis Pasteur. O primeiro pode causar muitos efeitos colaterais e não deve ser administrado em grupos de risco, como mulheres grávidas ou lactantes e pessoas com sistema imunológico enfraquecido, como é o caso de pessoas portadoras do HIV. O vírus que essa vacina contém pode se replicar após sua administração, transmitindo assim da pessoa vacinada para uma pessoa não vacinada, que entra em contato próximo com o local da injeção ou qualquer vazamento de fluido por até 21 dias depois.
Já a vacina Aventis Pasteur contra a varíola não é formalmente aprovada, mas pode ser disponibilizado caso outros suprimentos se esgotem.
Contudo há um tipo mais novo de vacina contra a varíola, chamado Imvanex. Ela contém uma forma viva, mas modificada do vírus vaccinia chamado vaccinia Ankara. O Imvanex é fabricado pela empresa de biotecnologia dinamarquesa Bavarian Nordic, licenciado na União Europeia. Nos EUA, a vacina atende pela marca Jynneos, sendo usada também no Reino Unido em casos anteriores de varíola dos macacos.
Já as vacinas nórdicas da Baviera são feitas de uma forma modificada do vírus vaccinia e são consideradas seguras para pessoas de grupos de risco.
Ainda não se sabe se ao administrar a vacina depois que alguém foi exposto à varíola estará protegido totalmente. Estima-se que, o vírus levaria entre cinco e 21 dias para que alguém que entrasse em contato próximo com uma pessoa infectada apresentasse sintomas da doença (e provavelmente de sete a 14 dias), no entanto, a recomendação nos EUA e Reino Unido é que, após uma avaliação de risco, pessoas expostas ao vírus da varíola dos macacos recebam uma dose modificada da vacina vaccinia Ankara o mais rápido possível, idealmente dentro de quatro dias, mas até 14 dias depois.
Outros tipos de tratamento para a varíola
Além das vacinas, existem alguns medicamentos que podem ser usados como tratamento. Este é o caso da droga tecovirimat, que impede a propagação da infecção ao interferir com uma proteína encontrada na superfície dos Orthopoxviruses.
O tecovirimat é aprovado nos EUA apenas para o tratamento da varíola. Ele foi testado em humanos saudáveis e demonstrou parar o vírus no laboratório. No entanto, não foi testado em pessoas com a doença. Ainda assim, na Europa, o tecovitimat foi autorizado para tratar a varíola em circunstâncias excepcionais.
Outro antiviral que pode ser usado é o cidofovir, um medicamento injetável licenciado no Reino Unido para tratar uma infecção ocular viral grave em pessoas com Aids. No corpo, o cidofovir é convertido no ingrediente antiviral cidofovir difosfato testado em laboratório e efetivo na interrupção do vírus autorizado para uso emergencial, mas com efeito colateral nos rins. Outra alternativa seria o medicamento brincidofovir que foi aprovado nos EUA.
O Brincidofovir (nome comercial Tembexa) é administrado por via oral e pode ser prescrito para pessoas de qualquer idade. Seu design especial ajuda a obter a quantidade certa do medicamento nas células para liberar o componente cidofovir, sendo menos prejudicial aos rins.
O brincidofovir foi testado em humanos para outras doenças virais. Sua aprovação para uso nos EUA vem de estudos de laboratório que mostram efetividade contra Orthopoxvirus. Por esta razão, o brincidofovir também é listado como um medicamento potencial para o tratamento da varíola dos macacos.
Um artigo recente, publicado no The Lancet Infectious Diseases, investigou a eficácia do brincidofovir em três pacientes e do tecovirimat em um paciente entre 2018 e 2021, no Reino Unido. Contudo, a pesquisa apontou baixa eficácia para o brincidofovir.
Assim, ainda faltam mais dados sobre a eficácia do cidofovir, brincidofovir e tecovitimat no tratamento da varíola em humanos.