Como o sistema imunológico do corpo tenta combater o COVID-19

Como nosso sistema imunológico funciona?

Nosso sistema imunológico tem um conjunto de defensores que ao encontrar células
infectadas trabalham criando defesas para neutralizar o vírus na célula preservando seu
registro para que o corpo possa responder rapidamente ao ser atacado por bactéria, vírus ou
outro agente infeccioso novamente. Durante uma infecção há uma corrida para impedir a
replicação do vírus e seus efeitos, nosso sistema imunológico possui 3 camadas de defesa, pele
a primeira e maior camada, medula óssea e as células T. A pele nosso maior órgão pode
possuir células que podem derrotar os invasores, quando isso não ocorre, e os “invasores”
passam pela pele e entram no corpo a medula óssea produz células chamadas NK, natural
Killer e células B que geram anticorpos, glóbulos brancos e linfócitos (temos NK nas amigdalas,
linfonodos e baço, que combatem os agressores externos), as células de defesa são
denominadas natural killer por produzirem respostas neutralizantes matando as células que
não pertencem ao corpo, como células tumorais. Após invasão geramos anticorpos que se
ligam aos patógenos e são “engolidos” pela célula, destruídos gerando um sistema adaptativo.
Nos casos de SARS-COV-2, o coronavírus que causa o COVID-19, diferentes anticorpos se ligam
a diferentes partes do vírus, incluindo a proteína Spike que o vírus usa para entrar na célula
saudável e se replicar repetidamente, se o anticorpo neutralizar a proteína o vírus não entra na
célula.
Segundo virologistas se você foi vacinado provavelmente terá anticorpos pronto para atacar e
neutralizar o vírus, porém se tratando do coronavírus pode ser que a quantidade de invasores
ultrapasse a de anticorpos e nesse momento nosso corpo produz células T. Como as células B e
NKs, as células T são glóbulos brancos que se originam da medula óssea, se desenvolvem e
emanam da glândula timo, localizado na parte superior do tórax, as células T tem a capacidade
de detectar vírus e outros invasores escondidos no anticorpo, eles possuem a função de
sinalizar e neutralizar a invasão.
Uma vez que a infecção é superada o sistema imunológico diminui seu exército liberando
célula T e anticorpo, algumas células T vivem como células T de memória prontas para
responder a uma nova ameaça, matando células infectadas e estimulando a produção de
novos anticorpos se o atacante retornar.
É uma dança molecular complexa, o sistema imunológico do corpo precisa aprender com o
inimigo antes de se defender, as vacinas são consideradas esse treino. As vacinas da COVID-19
criam anticorpo que reconhecem a proteína spike, quanto mais frequente o sistema
imunológico vê uma ameaça, mais detalhada é a resposta. A medida que o vírus sofre
mutação, as partes as quais os anticorpos se ligam podem mudar e impedir as ligações e entrar
na célula, esse parece ser o caso da variante Ômicron que possui várias mutações que afetam
a proteína spike sem afetar a resposta da célula T de memória, isso porque as mutações não
tiveram muito efeito na parte do vírus que as células T reconhecem. Cada pessoa tem várias
células T diferentes e suas células T são diferentes das de outros indivíduos e mesmo que uma
nova variante conseguisse evitar todas as suas células T de memória, ela ainda encontraria
muitas células T eficazes no resto da população. A imunidade de declínio é baseada na
diminuição dos anticorpos neutralizantes, mas mesmo que um anticorpo não neutralize não
significa que ele não seja eficaz, ele pode levar outras células do sistema imunológico a se
juntar a luta.

O sistema imunológico é complexo e o anticorpo gerado após vacinação é um quebra-cabeça
na corrida de combate contra o vírus. O papel das vacinas vem sendo estudado e vem
demonstrando maior defesa contra casos graves de covid-19, adultos não vacinados tinham
13x mais chances de hospitalização.

 

COVID e não vacinados

Se você foi imunizado espera-se que em 4 dias as células T neutralizem o coronavírus. Se você
nunca foi exposta a vacina ou a COVID-19, o coronavírus não encontrará anticorpo ou célula T
para neutralizar o invasor. Mesmo com sistema imunológico saudável seu corpo leva de 7 a 10
dias para transformar células T para enfrentar as células infectadas e durante esse tempo o
vírus se replica exponencialmente e se espalha pelo corpo.
As pessoas não vacinadas podem ter algumas células T no corpo prontas para defesa ao
primeiro sinal de infecção, essas respostas podem ter sido adquiridas por outras infecções
como um resfriado que ajudaram o corpo fortalecer o sistema imunológico. Apesar de não ser
comum essa versatilidade das células T, pode acontecer. Descobertas sugerem que cientistas
podem criar uma vacina que pode atacar qualquer variante do coronavírus com base nessa
versatilidade celular, assim como pessoas que não se vacinaram e se recuperaram da COVID-
19 terão anticorpos e memória que ajudaram a proteger de uma nova infecção, porém a
resposta imune após a vacinação é muito melhor que a imunidade natural conferida por uma
infecção, a taxa de reinfecção de pessoas não vacinadas é 2 vezes maior que a taxa de
reinfecção para vacinados.


Idade imunológica

Estudos apontam que uma das razões de idosos sofrerem mais as consequências graves das
infecções que as crianças é o fato de crianças possuírem certas defesas nas passagens nasais
que podem ajudar a neutralização do vírus e assim como o resto do corpo nosso sistema
imunológico também é suscetível aos efeitos do envelhecimento e com o envelhecimento
vamos perdendo a produção de novas células T.